O FORA

Eu tinha dois botões da camisa abertos. Era possível ver os pelos do meu peito e meu perfume exalava pela sala. Meu cabelo ligeiramente desarrumado, o jeans um pouco surrado,eu confesso.
Aquele ambiente estava um pouco tenso, ou talvez intenso, eu diria. O olhar dela estava fixado em seu copo de uísque e seu cigarro levemente amassado em seus dedos firmes e longos.Seu cabelo preso para trás demonstrava sua falsa formalidade. O vestido branco que, colado em seu corpo, revelava as curvas estreitas e perfeitas que possuía. E eu não pude evitar de reparar em suas rígidas pernas cruzadas. Como eram lindas aquelas pernas!
Acendi um cigarro e andei até a grande vitrine de prédios enormes e luzes de todas as cores. Ela, por sua vez, foi até o seu bar e preparou outro copo. Ofereceu- me um gole e eu não aceitei. Não queria beber nada alcoólico nesse dia. Sua gargalhada, um pouco vulgar, um pouco tímida, engrandeceu o clima. Então nossos olharem foram cruzados pela primeira vez na noite.
Eu não sei porque eu bati em sua porta naquela sexta- feira indiferente. Ela havia sido apenas um transa de uma noite, nada queria com ela. Depois de nossos olhares serem trocados ela soltou seus cabelos compridos e sorriu. Um sorriso leve saiu de meus lábios. Seu olhar ficou um pouco caído e seus bochechas levemente rosadas. Uma mecha de seu cabelo caiu sobre seu rosto e eu a coloquei pra trás. Ela segurou minha mão e a colocou em seu seio esquerdo. Seu coração estava disparado e algumas gostas molharam sua boca entre aberta. Eu não conseguia me mover e minha reação foi nula. Seu rosto querendo uma atitude me fez dar um beijo em sua testa. Segurei com dois dedos seu queixo delicado e lamentei com olhos baixos.
Peguei meu blazer e saí.

Escrito em 14/09/2009.